Estava suando frio. Não sentia mais suas mãos. Tentava se concentrar mas não conseguia. Via sua vida inteira passar ali na sua frente, na sua mente. Achava que estava perdido. Mas ainda restava uma chance, uma esperança. Naquele momento suas pernas tremiam como se tivessem vida própria. Enquanto suas mãos não se mexiam, como se vida, fosse a última coisa à se encontrar nelas.
Tinha uma responsabilidade. Muita gente contava com ele naquele momento. Mais de uma dúzia de pessoas, mais de cem pessoas, mais de mil pessoas, talvez, até mais de um milhão de pessoas. Todas vidradas naquele momento, nele. Concentradas em sua ação, nele. Cheias de esperança, nele. Viu o medo de perder essa chance, de deixar escapar. E isso o enfraqueceu. Estava paralisado. Seu cérebro já não pensava da mesma forma. Começou a ver coisas, miragens. O tempo estava se esgotando.
A pressão. Ouvia gritos e mais gritos, vindos de todos os lados. Mas ao mesmo tempo, escutava cada gota de suor que escorria por sua testa até seu queixo e pingava devagar. Caindo no chão, verdinho, verdinho. Quando decidiu o que tinha que fazer. Aguardou o apito. Olhou em sua volta. Acreditou. Chutou. GOL.
Cristiano Sauma
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