quarta-feira, 23 de abril de 2008

REI

Em uma pacata cidade ao leste de Roma, Itália, existia um pequeno estabelecimento. Conhecido pelos moradores da cidade com "Bar”. Nos fundos daquele escuro estabelecimento, ao lado da porta do banheiro masculino e em frente ao balcão empoeirado, se encontrava uma grande mesa de sinuca.
Os habitantes da cidade diziam ser impossível jogar naquela mesa, pois para isso, deveriam derrotar o famoso chefe a máfia italiana Dom Arlindo Baiocchi. Ouviam-se rumores que Dom Arlindo seria o melhor jogador de sinuca de bar do mundo. E como ninguém ousava desafiar o mesmo, seu cinturão nunca fora roubado. Diziam também que ao nascer, Dom Baiocchi, na época apenas Arlindo, ganhou de presente de seu tio um taco e nove bolas. Desde então nunca largou o esporte.
Em uma fria noite de sábado, Arlindo jogava sua sinuca tranquilamente, sozinho, é claro. Quando a porta do “Bar” se abre. Um forasteiro entra, cospe em um copo, joga o cabelo pro lado e desafia o rei da sinuca para um duelo. Os fofoqueiros cidadãos da cidade apenas o conheciam como Breno. Breno, a partir daquele momento era ídolo.
O jogo, acirradíssimo, não terminava. Jogadas sensacionais de ambos os lados. Quando surge o momento decisivo da partida, última bola do jogo. Pelas regras da sinuca de bar, a vez era do forasteiro. Parecia ser o fim de Dom Arlindo Baiocchi. Breno, o forasteiro, se concentra. Se prepara. E encaçapa. Dom Baiocchi estava morto.
Dizem que Arlindo se suicidou, outros dizem que fugiu para a Alemanha. Agora, o forasteiro, por outro lado estava feito. Amado por todos, dinheiro e principalmente, a coroa. Tudo que um homem podia querer. Mas Breno ainda sentia falta de algo. Um nome, um título. Após dias de pensamento e dúvida. Uma decisão foi tomada. De agora em diante era Dom Breno Baiocchi. Rei.

Cristiano Sauma