domingo, 24 de fevereiro de 2008

Malandragem

Marcos abre a porta de seu apartamento com todo o cuidado, e se esforçando ao máximo para manter o nível do silencio. Entra em casa, fecha a porta, também com muito cuidado, e acende as luzes.

- Mar – cos!
- Amor?
- Amor? Amor? Você sabe o que é isso Marcos? Amor? Eu to aqui, sentada nessa poltrona que nem uma maluca esperando você desde as nove. E você chega me chamando de Amor? Você por acaso sabe que horas são Marcos?

Marcos, olhando para o relógio diz:

- Então... Ta no horário de verão né?
- Ah! Não me vem com esse papinho não seu safado. Por onde o senhor andou até agora?
- Amor, sabe a Clarinha, minha secretária? Ela...
- Clarinha? Eu conheço a Clara. A Clarinha não. Que intimidade é essa com essa mulherzinha aí hein? Mas ela é tão feia Marcos. Como você...
- Ela faltou o trabalho hoje. Teve filhos.
- Filhos?
- Gêmeos!
- Você já ta com ela há mais de nove meses? Mas você não presta mesmo, bem que meu pai disse.
- Amor não são meus filhos. O José lá da firma que é o pai.
- Umm, prossiga.
- Aí eu tive que cuidar de outras coisas. Tive que ficar mais tempo no escritório. Além disso, tive que ficar até tarde no hospital. Porque eu vou ser o padrinho de uma das crianças!
- Ah é?

Marcos, malandramente, foge da história:

- É. Eu fico no trabalho a noite toda igual um maluco tentando nos sustentar para que no futuro, nós possamos ter os nossos filhos, fazer aquela viagem pelo Caribe, que a gente tanto quer... E chego em casa achando que vou ter um pouco de carinho da minha amada esposa. Mas não. Eu só ganho ingratidão. Desprezo.
- Ai, que isso Marquinhos. Desculpa vai môzão! Vem cá que eu vou te fazer aquele misto quente que você tanto gosta. Aquela massagem tailandesa que eu aprendi no programa da Ana Maria Braga. Hein meu tchutchuco?
- Nossa eu te amo tanto! Tanto! Que não importa o que você faça, eu sempre vou ser capaz de te perdoar!

Moral: Sim, eles são malandros!

Cristiano Sauma