terça-feira, 23 de setembro de 2008

Decepção

Acordou cedo. Era hoje, o grande dia. Esperara meses por esse momento. Tinha prometido à si mesmo que seria a última carta. E tinha deixado isso bem claro no terceiro parágrafo. Mas mesmo assim sabia que não seria. Não ia agüentar. Ela havia prometido responder suas cartas. Mas ainda não tinha respondido nenhuma de suas 237 cartas. Mandadas em dias intercalados. Um dia sim, outro não. Mas nessa havia uma esperança maior do que normal. Afinal, deixara bem claro que seria a última, caso não houvesse resposta.

Levantou-se então da cama. Tomou uma chuveirada quente. Botou sua cueca da sorte. Uma calça de linho, combinando com uma camisa branca. E foi até a cozinha. Preparou um misto quente, com um suco de laranja. Sentou na sua poltrona e ficou olhando o mar, a espera do carteiro, trazendo uma resposta de seu amor enterrado em envelopes. Aguardava anciosamente. Ouviu o baralho de uns papéis arrastando. Foi até a porta e lá estavam. Cinco cartas. Quatro contas(luz, telefone...), e uma de remetente Laura Rocha. Ela! Finalmente houve uma resposta! Rasgou o envelope, e sentou novamente na poltrona para ler. Na carta dizia:

Paulo,

Desculpe não ter te respondido antes. Mas devo dizer que sim, recebi todas as suas cartas. Mas devo dizer, também, que esta será minha primeira, e última carta.

Paulo, não lhe respondi antes por pena. Esperava que você fosse se tocar, alguém te falar,ou até mesmo seu amor acabar. E como você comentou nessa última carta que seria a última. Não quis que você vivesse com um pensamento que eu fui um amor jogado fora. Eu nunca fui amor nenhum Paulo! Fui só um casinho e nada mais. Vá viver sua vida. Você consegue o que quiser, basta querer! Pense em mim como uma grande decepção, não como um amor. E não esquece... Me esquece!

Beijos pra nunca mais,

Laura...